LINHA DO VOUGA

Desta vez foi a Linha do Vouga – Linha Ferroviária desactivada desde 1989 em que já desapareceram muitas das referências aos ditos comboios, permanecendo as pontes e os pequenos túneis que abundam em todo o percurso.

Desta vez foi a Linha do Vouga – Linha Ferroviária desactivada desde 1989 em que já desapareceram muitas das referências aos ditos comboios, permanecendo as pontes e os pequenos túneis que abundam em todo o percurso.
Com o Objectivo de ligar Albergaria-a-velha (Aveiro) a Viseu por trilhos de Btt e a respectiva volta no dia seguinte, no total de 160 km, lá marcámos a saída do Olival pelas 6h00 da matina do dia 28/11/2009, eu ( Bttopo), o Venâncio (Rodas Voadoras) e o Joel (NatureBike).
E assim foi, mais minuto, menos minuto, lá fomos cumprindo os horários estabelecidos, e com o apoio do Gps, lá chegámos ao ponto de partida.
Pequeno-almoço como deve ser, uma sandocha de presunto e um copo de pinga, que não caiu nada mal, toca a equipar, ligar Gps com a rota, últimos preparativos na bike e vamos embora que a chuva vem aí. E veio mesmo, algo que já prevíamos e que não decepcionou, embora preferíssemos a viagem a seco.


Depois de alguns kms junto ao rio lá entrámos na linha do comboio, com desníveis pouco acentuados tanto a subir como a descer, pois os primeiros comboios que por ali passaram eram a vapor. O andamento imposto mantinha-nos sorridentes pois rapidamente chegaríamos ao nosso destino, não fosse a ferrugem atacar as pernas do Pedro (eu) que ia acumulando o cansaço e a falta de treino. Problemas!

- Na tasca da Ti Fernanda! Ela faz o que quiserem! Disse um deles…
-Epá, tanta fartura! Epá! Disse um de nós…
Mas assim foi, recebidos com uma simpatia tremenda, comemos um bitoque com ovo a cavalo acompanhado com vinho americano (morangueiro) que precisou de alguma habituação, mas foi todinho. Ainda marcharam umas bogas do rio que passa logo ali em baixo e ouviu-se falar de enguias.
-Enguias? Oh Ti Fernanda, tem enguias? Epá e não dizia nada? Fica combinado…fica para amanha!
Enquanto nos deliciávamos no repasto, chovia copiosamente, parando a tempo de partirmos a seco. Tudo corria bem.
Voltando ao trilho, lá voltámos à subida interminável, pois partindo dos 60 metros de desnível do mar iríamos subir aos 528, alguns desses kms a pé, pelo menos o Pedro e que, já a custo, lá atravessámos o cume, ganhando agora o sentido descendente, que todos aproveitámos para ganhar algum tempo ao tempo perdido, agora com a companhia de muita chuva e das Acácias que teimavam em nos molhar ainda mais.
Eis-nos chegados a Vouzela, encharcados, com a noite a compor-se e o quartel dos Bombeiros ali à nossa beira.
Lá consegui convencer os companheiros de viagem que a melhor solução seria ficar por Vouzela, embora com o Venâncio a reclamar o destino Viseu e eu o meu cansaço. Depois de convencer o 2º Comandante, foi-nos disponibilizada a camarata para pernoitar. Espectáculo!
Conhecer as instalações, desmontar o material, encontrar a trouxa sequinha dentro dos alforges com a ajuda de sacos do lixo, um duche quente e já estávamos preparados para a seia.
Uma volta pela cidade em busca de tasca e lá fomos para a recomendada, onde comemos uns nacos de vitela com umas batatas a murro e umas migas à antiga. Tudo excelente. Para terminar um queijinho com doce de abóbora e doce de figo. Maravilhoso.
Voltámos ao quartel base, pois tínhamos uma caracolada para comer, uma garrafita de Favaios para esvaziar, um chouriço barrozan e outro alentejano. Partilhámos com o pessoal de serviço, que pareciam mais interessados no dérbi (Benfica vs Sporting).
Enfronhados nos sacos-cama e o camel-bag à cabeceira, experiencia doutras lides, lançámo-nos à fase de recuperação, que correu às mil maravilhas.

8h00 da matina – chove torrencialmente…mas é preciso voltar! A descoberta de que a nossa roupa de btt estava seca elevou o estado de espírito e lá fomos desmontando o acampamento. Foi quando descobri um rasgo no meu pneu e a bochecha da câmara, cá fora. Com um dorsal na bike que não havia tirado em casa, com a ajuda do Venâncio, reparámos a avaria e voltámos à cidade para tomar o pequeno-almoço, hoje na pastelaria. Barriga composta com pastéis de Vouzela e toca andar, mas ainda não para trás, pois decidimos visitar S. Pedro do Sul e a sua nascente de água a 70 graus, e o cheiro a ovos podres. Muito interessante.
Cá estamos de volta ao trilho, agora com mais companhia da chuva, os trilhos mais pesados, dificultam o progressão mas as paisagens fazem esquecer as dificuldades. Ao longe avistamos a sede dum clube ainda aberta e logo decidimos parar. Confirma-se que ainda não tinham ido à cama. Acompanhámo-los numa mini e ficámos a saber que a tasca da Ti Fernanda ainda estava a 20 kms. O trilho mantinha -se a subir outra vez, aliás toda a manha a subir, já doía. Até que vira, e lá voltámos nós à carga, velocidades de 25 a 30 kms/hora que as enguias estão à espera.
E assim foi, quando entrámos na tasca (minimercado e café da terra), já o óleo aquecia e as enguias ao lado esperavam. Os nossos estômagos também. E foi um deleite, acompanhado dum branquinho frisante, duma chouriça com um Douro Tinto, um Brie com um Branco Alentejano e umas castanhas com um Porto caseiro. Duas ou três horas de Almoço. E lá fora chove a bom chover…
Faltam 20 kms, bora lá pessoal, pois entretanto já eram cerca de 15 pessoas que iam falando connosco, impressionados com a nossa aventura. Bem, lá partimos, sem grande vontade…claro, mas era preciso chegar rápido que as horas avançavam, confirmando-se a montagem das luzes pois já entravamos pela noite dentro.
Para terminar em beleza, não encontrávamos o local onde deixámos o nosso transporte o que acrescentou 8 kms às pernas.
Mudança de roupa rápida, na rua, e o corpo voltou a aquecer com um beirão a fazer de catalizador.
Agora de ramona, com a promessa de paragem em Mealhada para uma sandocha de leitão e siga para o Olival.

Casa, sabe tão bem voltar… até uma próxima saída…
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